sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sobre ausência, saudade e impossível



Lêem-se palavras que deveriam ter sido escritas há duas semanas. Foi quando se sentiu que algo poderia ser dito sobre ausência, saudade e impossível. Naquele instante, o instante primeiro, talvez se pudesse revelar com mais clareza o que se sentia.
Mas não foi assim. Mais importante é que continuou a se sentir que algo poderia ser dito sobre estas três idéias, mesmo porque, paradoxalmente, a primeira delas - a ausência - está há dias presente.
Não se pode dizer o que dá vínculo a ausência e saudade, embora pareça que seja o afeto. Tampouco se diz o lugar da saudade: se está na lembrança, na distância, ou no possível rever.
Só se pode dizer: foram guardados vários pedaços de saudade de ti. Gestos lançaram saudade (no lugar que não se conhece) com minúcia e sutileza. Sair à rua, esquentar o pão, tomar o ônibus, o elevador, esperar o sinal se abrir, caminhar indo, caminhar voltando, pôr um disco, ver o relógio da janela, juntar na cama os travesseiros. As coisas faziam lembrar a ti, e talvez tivessem a ti, ao menos no meu vínculo com elas.
Sobre o impossível, parece ser tudo isto de que o homem esteja indo atrás. E se parece realmente tão impossível, fazes meu impossível real.





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