sábado, 25 de julho de 2009

Na parede da memória




Belchior.

É a primeira vez que este nome aparece aqui. Talvez Belchior esteja bem guardado. Há algumas coisas que mantemos bem guardadas.

Outro dia, em casa numa reunião de amigos, um cara falou do Belchior. Senti, primeiro, como se ele tivesse tomado um atalho e conquistado subitamente a minha simpatia. Pensei assim: se este cara cita o Belchior numa roda de amigos, ele deve ser legal. Uma vez, conhecemos um cara que disse ter citado um dos belos versos da canção "A Palo Seco" na epígrafe de sua tese de doutorado e passamos a chamá-lo de Deus.

Mas o que mais senti mesmo foi como se ele tivesse entrado num quarto que fica escondido dentro do meu peito, e visto uma coisa querida que deixo por lá.


Eu gosto de Belchior. O Fusca que tivemos Pedro, Rômulo e eu foi batizado Belchior. O Fusca era amarelo, brilhava como o sol. Era bonito. O cara citou do Belchior uma música que eu não conhecia, intitulada “Ame seu vizinho mesmo que ele seja jovem”.

Ao ouvir o nome da música, senti que talvez eu mesmo tenha reencontrado o quarto escondido, e me sentido surpreso com o que encontrara lá. Depois da surpresa, a alegria de reconhecer os motivos, espalhados pelo chão, de gostar daquilo que gostava já.

Não encontrei a letra da música para colocar aqui.

10 comentários:

Rômulo disse...

Você esqueceu de dizer que o Belchior também é do Rod.

Rodolfo disse...

eu chuto que vc nao encontrou a musica pq ela nao existe.

isso diz sobre as rodas de conversa entre amigos.

isso faz pensar q procurar e encontrar a verdade muitas vezes pode ser anti-poesia pura...como daquela vez, do bonde do souza.

Rodolfo disse...

ah! o q encontrei foi isso:


Ama Teu Vizinho
Sá, Rodrix & Guarabyra

Ama teu vizinho como a ti mesmo,
Mesmo que ele faça barulho,
Mesmo que ele acorde as crianças de madrugada,
Ele também gosta de silêncio,
Mas ele também quer sossego,
Mas acontece que ele vive num horário diferente do teu!

Ama teu vizinho como a ti mesmo,
Mesmo que ele seja moço,
Mesmo que ele viva a vida que você não pode,
Ele também sabe que ficar sozinho é uma necessidade,
Naquelas horas que se chega em casa com a cabeça quente!

Ama teu vizinho como a ti mesmo,
Mesmo que ele não precise,
Mesmo que ele seja um grilo na comunidade!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

o único problema (solução, eu quis dizer solução) é que Belchior me lembra bigode.

Rômulo disse...

Eis a epígrafe de Deus. A música é Como nossos pais.

Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmo e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais.

Lara Leal disse...

Esse Belchior está desaparecido assim como seu respectivo homônimo. rs

Lara Leal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mari Faria disse...

Senti saudade do Belchior.
Saudade de me ouvir gargalhar alto, como criança em parque de diversões, enquanto assistia, da moldura do vidro de trás, ao Clodoaldo e Pedro empurrarem desesperadamente o carro por uma Copacabana barulhenta e engarrafada.

Rômulo disse...

Também lembro com carinho daquele dia, Mari. Era uma manhã bonita de primavera e nós tínhamos um fusca amarelo. Não se esqueça de que você foi a primeira mulher a entrar no Belchior. Em parte ele também foi seu.